Política e Participação

Dois textos discutem a seguir a questão da participação política. O primeiro é da professora de filosofia Marilena Chauí. O outro é um poema de Bertold Brechet (1898-1956), um dos mais importantes escritores alemães do século XX.

Documento 1

TEXTO EM PROSA

APATIA SOCIAL E POLÍTICA

As pessoas que (...) não querem ouvir falar em política, recusam-se a participar de atividades sociais que possam ter finalidade ou cunho político e afastam-se de tudo quanto lembre atividades políticas, mesmo tais pessoas, com seu isolamento e sua recusa, estão fazendo política, pois estão deixando que as coisas fiquem com estão e, portanto, que a política existente continue tal como é. O paradoxo, portanto, está em que, ao recusar a política, a apatia social também é a forma de fazer política, ainda que de forma passiva.

(Marilena Chauí. Convite à Filosofia, 13. ed. São Paulo: Ática, 2003. p. 348.)

Documento 2

O ANALFABETO POLÍTICO

O pior analfabeto

é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala,

nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe o custo de vida,

o preço do feijão, do peixe, da farinha,

do aluguel, do sapato e do remédio

dependem das decisões políticas.

O analfabeto político

é tão burro que se orgulha

e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,

da sua ignorância política,

nasce a prostituta, o menor abandonado,

e o pior de todos os bandidos,

que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio

das empresas nacionais e multinacionais.

(Bertol Brecht. Disponível em: http://www.consciencia.net/2004/mes/01/brecht-analfabeto.html )

1. Segundo Marilena Chauí, por que o fato de alguém manter-se alheio à vida política deve ser considerado também um gesto político?

2. Por que, para Brecht, “o pior analfabeto é o analfabeto político”?

3. Escreva um texto comparando as ideias de Marilena Chauí com o poema de Brecht. Procure também relacionar o que leu com a realidade social, política e econômica do Brasil de hoje.