sexta-feira, 15 de abril de 2011

Projeto Betinho: empreendedorismo social

COLÉGIO NOTRE DAME DE LOUDES

COLEÇÃO PITÁGORAS

SOCIOLOGIA – PRIMEIRO ANO

SEGUNDO BIMESTRE






Unidade 2

Projeto Betinho: empreendedorismo social Projeto Betinho






A canção “Pacato cidadão” do Skank e a afirmação: “[...] aspiravam fazer do conhecimento sociológico um instrumento de ação” (trecho do Breve histórico da unidade anterior) fazem-nos lembrar de um sociólogo brasileiro: Herbert de Souza, o Betinho. Betinho usou seu conhecimento sociológico como instrumento de ação e, como cidadão, não foi nada pacato. Criou o movimento de Ação da Cidadania contra a Miséria e Pela Vida e por ele lutou até o fim da sua vida. Betinho era portador do vírus HIV, contraído em transfusões de sangue, por ser hemofílico, mas nem por isso se colocou como vítima perante à sociedade e, pelo contrário, utilizou sua notoriedade para prolongar seu movimento de ação contra a fome e mobilizar a sociedade em favor dos aidéticos. Betinho argumentava sobre a necessidade de transformações estruturais na sociedade brasileira, mas, ao mesmo tempo, era necessária uma atitude emergência para a população miserável, que passava fome. Ele foi um exemplo de empreendedor, uma vez que teve a capacidade de tomar a iniciativa e agir na busca de soluções inovadoras para problemas econômicas ou sociais, pessoais ou de outros, por meio de empreendimentos. Portanto, esta unidade pretende ser, além de uma homenagem a Betinho, uma proposta de ação concreta diante da sociedade, utilizando os instrumentos da Sociologia, no auxílio desse projeto, e o exemplo de ação do sociólogo Betinho. Ao longo do livro, teremos a seção Projeto Betinho, que apresentará propostas de ação concreta na sociedade, com base nos temas trabalhados na unidade.









Protagonismo juvenil

DESAFIANDO









Organizados em grupos, discutam as seguintes questões:



1. A partir das lembranças dos últimos noticiários a que assistiram, observem a realidade brasileira e descrevam quais são os problemas mais urgentes do nosso país a serem resolvidos. Problemas mais urgentes:






2. Agora, observem seu estado e sua cidade.



Quais são os problemas mais urgentes a serem resolvidos?



Cidade/Estado:



Principais problemas:






3. Aproximem-se mais da sua vida cotidiana. Observem seu bairro e sua escola.



Quais são os problemas mais urgentes a serem resolvidos;



Bairro: Principais problemas:






4. A partir dos problemas levantados nas questões anteriores, discuta de que maneira vocês poderiam ajudar ou contribuir para soluciona-los. Registre aqui suas ideias.









Conheça a história de Betinho












A historia de Herbert José de Sousa Um sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro que dedicou-se ao projeto Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida que ele mesmo tinha fundado.







CONFRONTANDO





Para construirmos conhecimento, necessitamos confrontar nossas ideais e convicções. Leia os textos, a seguir, sobre a vida de Betinho, sobre empreendedorismo e protagonismo juvenil e, depois, confronte as ideias nelas apresentadas com as declarações e as análises elaboradas por você nas situações que lhe foram propostas anteriormente.





CÂNDIDO GRZYBOWSKI, SOCÍOLOGO E DIRETOR DE PLANEJAMENTO DO IBASE, FALANDO SOBRE BETINHO





“Herbert José de Souza, o Betinho, nasceu no dia 3 de novembro de 1935, na pequena cidade mineira de Bocaiúva. De uma infância e adolescência marcada pelos limites impostos pela hemofilia e tuberculose, soube apropriar-se daquele fio de vida que lhe restava. Transformou sua fragilidade física em grandeza de humildade. Buscou a vida de forma intensa para si e para os outros, particularmente para os excluídos da sociedade. Seu humor e sua ironia juntavam-se a uma forte indignação diante da mínima injustiça.



Ele afirmava que a democracia não é um modelo ou uma estrutura acabada; é algo que constantemente deve ser sonhado, imaginado ou recriado. A busca de ser livre, igual, diverso, solidário e participante é um princípio que deve fermentar nosso constante sonhar e imaginar a democracia como guia de intervenção cidadã.





Betinho apostou na cidadania. Investiu nos movimentos sociais e nos grupos comunitários, nos comitês de cidadania, nas associações e organizações civis de todo o tipo, nas manifestações culturais e artísticas como escolas de cidadania.



O maior desafio deixado por Betinho talvez seja a capacidade de indignar-se e reagir frente às injustiças e exclusões. Sem sombra de dúvida, Betinho foi um grande lutador. Lutou pela vida antes de tudo; pela sua própria vida e a de todos nós “.



Disponível em: http://www.comitebetinho.org.br/index.php/betinho



Acesso em: 24 abr. 2011. (Fragmento)




Vídeo em comemoração aos 10 anos da Ação da Cidadania com participação de Emílio Santiago e outros.





EMPREENDEDORISMO E ÉTICA



FERNANDO DOLABELA


A observação da ação empreendedora, não só voltada para a criação de empresas, mas em todas as atividades humanas, sugere que todos nascemos empreendedores. Se, mais tarde, deixamos de sê-lo, isso se deve à exposição a valores antiempreendedores na educação, na família, nas relações sociais de toda ordem, ao “figurino cultural” a que somos submetidos. Lidar com crianças e adolescentes, portanto, é lidar com autênticos empreendedores ainda não contaminados por esses valores.


Não sendo a capacidade empreendedora uma habilidade ou competência específica, mas uma forma de ver o mundo e com ele estabelecer relações, algo que diz respeito à cultura, a educação empreendedora e ética deve começar na mais tenra idade.


[...] Esse caminho impõe um único cuidado, exige um única sabedoria: tomas as crianças como guias. Sendo elas detentoras de um saber perdido nos desvãos dos adultos, é preciso deixar-se conduzir pelo seu mundo de criatividade, inconformismo, rebeldia, do não saber que não pode, dos sonhos capazes de dar sentido à vida. Somente ao entrar nesse mundo, percebe-se que a teoria empreendedora estava construída desde sempre e de forma cristalina: bastava tomar o sonho como seu núcleo e transforma-lo em projeto de vida.



[...] Considera-se empreendedor o poeta que publica, pois dissemina sua emoção. Sem dúvida é empreendedor o educador que inova na concepção de formas de ensino. Deve necessariamente ser empreendedor político, porque tem ele, por definição, a missão de buscar formas e processos inovadores para a construção do bem-estar social. Abrir uma empresa, ser poeta, educador, político ou religioso é (só pode ser) uma escolha do educando.


As capacidades de formular o próprio sonho, concebendo um ponto no futuro onde se deseja estar ou ser e construir os caminhos para chegar lá constituem o eixo da atividade empreendedora.


Por seu turno, sonhos individuais são inspirados por sonhos coletivos, que constituem o vir a ser da coletividade, o desejo de bem-estar e felicidade de uma comunidade.


A atividade empreendedora e ética é entendida como a capacidade de conceber e realizar sonhos coletivos, que produzem bem-estar social, e sonhos individuais, definidos e expandidos a partir de sonhos coletivos, cuja essência é a busca da “felicidade” social, intenção que nos faz humanos.



DOLABELA, Fernando. Projeto Pedagógico – Empreendedorismo e Ética. Ago. 2004.(Fragmento)



A ESTUDANTE PATRÍCIA OSANDÓN ALBARRÁN, QUE TRABALHA COMO VOLUNTÁRIA NA ANDI, MOSTRA-NOS O QUE É SER PROTAGONISTA


O que é ser um jovem protagonista? Numa fase de tantas pressões e conflitos, também é possível se importar com a sociedade, embora nem todos os jovens percebam o potencial que têm em suas mãos. Justamente por estar enfrentando um período difícil, o jovem protagonista é alguém especial, porque acredita numa sociedade melhor e até sonha com um mundo perfeito.


O protagonismo juvenil pode e deve se tornar uma "corrente de energia", porque a tendência é que esse movimento cresça e seja propagado. O jovem protagonista é aquele que molda o mundo a cada instante e cria idéias para melhorá-lo - seja na sua casa, na comunidade, na escola, no trabalho - e sua atuação pode atingir grandes proporções.


Muitas vezes, o protagonista é discriminado pela sociedade, enquanto deveria ser incentivado a continuar propagando esse pensamento. O comportamento mais esperado de um adolescente é de uma figura revoltada e incapaz de tomar atitudes coerentes. Então, quando alguém tenta mostrar uma realidade diferente, é separado do grupo, sendo que deveria ser totalmente ao contrário.


Cabe a todos valorizar as ações protagonistas, na tentativa de que com o tempo "não existam mais jovens protagonistas", justamente porque ser participante e solidário tornou-se algo normal. Ou seja, o objetivo do protagonismo juvenil é que, com o tempo, exista uma onda de cidadania que faça de todos cidadãos atuantes em nossa sociedade.


Disponível em: http://expressocidadania.blogspot.com/2008/03/protagonismo-juvenil_18.html



acesso em: 24 abr. 2011. (Fragmento)




SISTEMATIZANDO





Acompanhe o texto a seguir e organize suas ideias para a viabilização de um projeto de atuação na sociedade.


O Protagonismo Juvenil é um tipo de ação de intervenção no contexto social para responder a problemas reais onde (SIC) o jovem é sempre o ator principal. É uma forma superior de educação para a cidadania não pelo discurso das palavras, mas pelo curso dos acontecimentos. [...]


O Protagonismo Juvenil significa, tecnicamente, o jovem participar como ator principal em ações que não dizem respeito à sua vida privada, familiar e afetiva, mas a problemas relativos ao bem comum, na escola, na comunidade ou na sociedade mais ampla.


Outro aspecto do protagonismo é a concepção do jovem como fonte de iniciativa, que é ação; como fonte de liberdade, que é opção; e como fonte de iniciativa, que é ação; como fonte de liberdade, que é opção; e como fonte de compromissos, que é responsabilidade.


Na raiz do protagonismo deve haver uma opção livre do jovem, ele tem que participar da decisão se vai ou não fazer a ação. O jovem tem que participar do planejamento da ação. Depois deve participar da execução da ação, na sua avaliação e na apropriação dos resultados. Existem dois padrões de protagonismo juvenil: quando as pessoas do mundo adulto fazem junto com os jovens e quando os jovens fazem de maneira autônoma.


Disponível em: www. http://protagonismojuvenil.inesc.org.br/


Betinho seguir seu sonho e o realizou, empreendeu num projeto de ajuda às pessoas necessitadas com o movimento “Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida”.


A estudante Patrícia Osandón Albarrán sugere, a partir das características do adolescente e do jovem, um protagonismo juvenil, criando ideias para melhorar o mundo em que vivemos.


Nascemos empreendedores? Temos na capacidade empreendedora uma forma de ver o mundo e com ele estabelecer relações para realizarmos nossos sonhos?


A partir dos textos anteriores e das suas preocupações com o mundo, propomos que você forme um grupo de colegas que queira viabilizar um PROJETO BETINHO: associação de barro, grupo de jovens da paróquia, grêmio estudantil, grupo de voluntários – com atuação direta em algo da sua realidade que os sensibilize e mobilize para a construção de um mundo melhor para todos, como atuação em creches, asilos, hemocentros, associação de catadores de papel, associações contra a fome, mutirão de construção de casas, trabalhos em hospitais com crianças carentes, preservação do meio ambiente, acompanhamento e fiscalização política, entre outras.


A seguir, apresentamos uma proposta de como organizar um projeto, para que vocês possam constituir um grupo de ação concreta na sociedade que os cerca.

A elaboração de um PROJETO é uma previsão. Deve conter um objetivo geral, objetivos específicos, atividades, plano de implementação, monitoramento, avaliação e resultados esperados. As atividades estarão relacionadas aos objetivos específicos, que, por sua vez, devem atender ao objetivo geral do projeto.

OBJETIVO GERAL
É uma ação mais distante, o que se deseja alcançar, um sonho a se realizar, é o ponto de partida e o referencial para todas as ações do projeto.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
São a resposta desejada da população-alvo, devem prever resultados quantificáveis. Definem o tempo, o número de pessoas e a faixa etária dessas pessoas.

Respondem às perguntas: O quê? Quando? Quanto?
A quem pertence a ação do verbo? Resp: À população-alvo do projeto, não à instituição.
Resultado: mudança e/ou benefício que se deseja ou se propõe para a população-alvo.
Mudanças: conhecimento 75% (ou mais); atitude 50% (mais ou menos); comportamento 25% (ou menos); religião, conceitos sociais.
Os resultados esperados estão diretamente ligados aos objetivos específicos.

PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO
São ações para se alcançar determinado objetivo específico. Identifica o tempo de execução de cada atividade.

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
São os indicadores, as medidas operacionais para a realização de uma atividade ou de um objetivo específico. Permitem medir o grau de alcance do resultado.
Passos necessários para a realização de uma atividade que se sustenta com base em dados quatificáveis.

RESULTADOS ESPERADOS

Acontecem a partir dos processos estabelecidos para a realização de uma atividade.
Quantificam o resultado da atividade na população-alvo.
Instrumentos que atestam a execução da atividade e que definem formas de comprovar o efeito conseguido na população-alvo.

PROCESSSO DE GESTÃO DE PROJETOS

1. Planejamento
2. Programação
3. Execução
4. Monitoramento
5. Avaliação

OLIVEIRA NETO, Eurípides M, de. Centro de Voluntariado/Voluntários Candangos. Assessoria de coordenação de projetos e capacitação de recursos (fragmento)

Ao longo de nosso estudo sobre Sociologia, você irá escolher temas com os quais deseja trabalhar ou organizações em que deseja atuar e construirá, junto com seus colegas, um projeto, tomando a proposta de elaboração de projeto apresentada como referência.



SÍNTESE


O momento agora é de síntese das ideias apresentadas na unidade.




Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores


Geraldo Vandré


Composição : Geraldo Vandré




Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não


Nas escolas, nas ruas, campos, construções, caminhando e cantando e seguindo a canção


Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer


Pelos campos há fome em grandes plantações, pelas ruas marchando indecisos cordões


Ainda fazem da flor seu mais forte refrão e acreditam nas flores vencendo o canhão


Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer


Há soldados armados, amados ou não, quase todos perdidos de armas na mão


Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição: de morrer pela pátria e viver sem razão


Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer


Nas escolas, nas ruas, campos, construções, somos todos soldados armados ou não


Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não


Os amores na mente as flores no chão, a certeza na frente a história na mão


Caminhando e cantando e seguindo a canção, aprendendo e ensinando uma nova lição


Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer











GERALDO VANDRÉ (1935)





Geraldo Pedrosa de Araújo Dias nasceu em João Pessoa PB em 12 de Setembro de 1935. Apresentou-se num programa de calouros na Rádio Tabajara de João Pessoa quando tinha 14 anos. Em Nazaré da Mata, Pernambuco, onde cursava o ginásio em internato, participou de alguns shows organizados para as missões. Foi para o Rio de Janeiro RJ em 1951, e nesse mesmo ano se apresentou no programa de calouros de César de Alencar, no qual foi desclassificado. Aproximou-se então de Ed Lincoln, que nessa época tocava com Luís Eça, na boate do Hotel Plaza, tentando cantar nos intervalos das apresentações. Em 1955, com o pseudônimo de Carlos Dias, defendeu a canção Menina (Carlos Lyra) num concurso musical promovido pela TV-Rio. Mais tarde, o encontro com o folclorista Valdemar Henrique abriu-lhe a oportunidade de se apresentar no programa da Rádio Roquete Pinto, usando o nome Vandré, que resultou da abreviatura do nome do pai, José Vandregisilo. Cursou a Faculdade de Direito, do Rio de Janeiro, época em que participou do Centro Popular de Cultura, da extinta União Nacional dos Estudantes, onde conheceu seu primeiro parceiro, Carlos Lyra.

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